terça-feira, 18 de maio de 2010

FALANDO DE MEDIUNIDADE, ACHEI QUE PODERIA INTERESSAR UMA MENSAGEM RECEBIDA HÁ DEZ ANOS, MAS QUE PERMANECE ATUALÍSSIMA.

Na noite de 4/4/2000, no Teatro Carlos Gomes, durante homenagem prestada a Bezerra de Menezes pela passagem dos 100 anos de sua desencarnação, solicitaram-me colocar-me à disposição como médium e foi com emoção indescritível que captei o seguinte texto:

TRABALHAR SEM ESMORECER

Amados Filhos:

O coração transborda de alegria. Estejamos sempre assim, unidos, na busca da paz que o Senhor Jesus nos legou. O Mestre amado envolva a todos em suas inexcedíveis vibrações de carinho, para que em cada coração desperte o desejo de entrelaçar as mãos e iniciar a caminhada de realizações que nos aguardam. Unidos, seremos a fonte de consolo capaz de dessedentar os que gemem e choram sob o guante da dor, nestes tempos de transformações.
“Ide e pregai” – disse Jesus - convidando-nos ao trabalho de difusão da Boa Nova.
“Alegrai-vos” - disse-nos ainda – “pois que é chegado o Reino de Deus”.
O Reino está em nós e a pregação da mensagem cristã deve despertar o homem do milenar sono da acomodação, a fim de que inicie a tarefa que lhe cabe na renovação de si mesmo.
“Ide e pregai! Buscai primeiramente as ovelhas perdidas da casa de Israel.”
Naqueles tempos, o povo judeu fora escolhido para receber a consoladora visita do Cristo, porque mantinha a crença no Deus único. Esse povo encontrava-se, contudo, segmentado em inúmeras facções. A orientação do mestre encarecia a importância de que se unisse a família monoteísta, para que a força da união resultasse na possibilidade de propagação da Boa Nova aos demais membros da família humana.
Hoje, também, faz-se necessário buscar a união. Unamos a família espírita, alcançando a todos aqueles que já se encontram preparados pela certeza da sobrevivência e da comunicabilidade da alma. Unamo-nos pelo comportamento amoroso, pela compreensão, pela tolerância. Tenhamos a certeza de que cada um é valioso componente na equipe, para constituir o conjunto que fortalecerá o propósito renovador a realizar-se, primeiramente, em nós mesmos e, depois, ganhar a comunidade.
Grandes são, filhos meus, os obstáculos que se colocam a essa realização. Não são poucas as pedras que se espalham na estrada dos que buscam os objetivos sublimes que a Doutrina Espírita propõe. Pensamos nós, muitas vezes, serem os obstáculos provenientes daqueles que se encontram na retaguarda. Armamo-nos em defesa, acreditando-nos perseguidos por invisíveis adversários. Digo-lhes, todavia, amados filhos, que os grandes obstáculos estão dentro de nós mesmos.
A perseverança deverá levar-nos à vitória que almejamos. Atentemos para as vozes que clamam na intimidade. Façamos o silêncio interior, para ouvi-las. Elas nascem de nós, porque as Leis de Deus estão inscritas na nossa consciência. Ouvindo-as, alcançaremos o conhecimento dos verdadeiros motivos pelos quais ainda não atendemos ao amoroso convite de Jesus. Nos tempos primeiros, ao ouvirmos as recomendações do Mestre, acreditávamos que suas palavras nos incitassem às lutas armadas, para implantar, a ferro e fogo, o Reino, destruindo aqueles que se nos opusessem. Hoje, com as luzes do Consolador, entendemos, enfim, que a paz não pode ser conquistada pela luta de irmão contra irmão. Hoje, podemos atender ao chamamento.
“Ide e pregai.”
Não há que abandonar família e afazeres cotidianos...
Não há que colocar-se na estrada do mundo, munido de bordão e farnel...
Não há que instalar-se em praças públicas, alardeando aos quatro cantos as mensagens...
Mas há que arregaçar as mangas e unir as forças, oferecendo cada um o seu talento – belo pela sua diversidade. Pela complementação que resulta da soma das diferentes habilidades, cumpriremos a grandiosa tarefa da divulgação cristã:
Uns escrevem, outros ensinam... Aqui, movem-se campanhas de alimentos, acolá orientam-se os passos vacilantes dos pequeninos desamparados... Estes amparam os velhinhos cansados, aqueles secam as lágrimas aos que cerraram os olhos de seus entes queridos com os corações dilacerados de dor... Alguns alimentam os famintos, outros vestem os desnudos...
“O que fizeres a cada um dos mais pequeninos, a mim o fizestes.”
Filhos meus, a paz do Cristo se conquista com o trabalho sem esmorecimento. Estamos aqui, ombreando com todos vocês, corações repletos de alegria em prece de gratidão ao Pai. Unamo-nos aos propósitos de Jesus.
O abraço do servidor humílimo de sempre

Bezerra

domingo, 2 de maio de 2010

Doutrina Espírita e Mediunidade


As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal. Essas comunicações dos Espíritos com os homens podem ser ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, pela ação de médiuns que servem de instrumentos aos seres invisíveis.
Quando a mediunidade se apresenta com caráter ostensivo na vida de uma pessoa, ainda que não esteja presente o conhecimento da Doutrina Espírita, podemos pressupor a existência de um planejamento anterior à encarnação, para utilização desse potencial para o bem da coletividade. É bom saber que os Espíritos são atraídos na razão da simpatia que lhes inspire a natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde predominam o amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores que, inversamente, encontram livre acesso e podem agir com toda a liberdade entre pessoas frívolas ou impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos. Somos nós, portanto, que definimos de que maneira queremos usar o potencial que possuímos.
Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os Espíritos superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade, sem qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria lhes transparece dos conselhos, que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da Humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é inconseqüente, trivial e até grosseira. Dizem falsidades e absurdos, por malícia ou ignorância. Zombam da credulidade dos homens e se divertem às suas custas, lisonjeando-lhes a vaidade, alimentando-lhes os desejos com falsas esperanças.
A Doutrina Espírita pode orientar aqueles que nasceram com a predisposição para o transe mediúnico, oferecendo-lhes todos os subsídios, para a aplicação adequada da mediunidade. Jesus afirmou que nos enviaria um Consolador, para lembrar seus ensinos e acrescentar outros esclarecimentos que, àquela época, não conseguiríamos compreender, devido à falta de pré-requisitos. Na época prevista, Allan Kardec se apresentou no cenário do mundo, codificando essa maravilhosa Doutrina que representa a concretização da promessa do Cristo.
A leitura das obras básicas do Espiritismo nos ensina que a moral dos Espíritos que se incumbiram de trazer aos homens o Consolador se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste princípio, encontra o homem uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores ações. Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, desliga-se da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, avizinha-se da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para experimentá-lo; que o Forte e o Poderoso devem amparo e proteção ao Fraco, porquanto transgride a Lei de Deus aquele que abusa da força e do poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam, finalmente, que, no mundo dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita será desmascarado e patenteadas serão todas as suas torpezas; que ao estado de inferioridade e superioridade dos Espíritos correspondem penas e gozos desconhecidos na Terra. Mas ensinam também não haver faltas irremissíveis, que a expiação não possa apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conformemente aos seus desejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é o seu destino final.
Busquemos nessas reflexões, que resultam dos ensinamentos dados pelos Espíritos superiores, recursos para traçar um plano consistente de educação e aplicação do nosso potencial, seja ostensiva ou latente a nossa comunicação com a dimensão maior da vida, a fim de que possamos ser peças ajustadas na engrenagem que está em ação no mundo, objetivando a construção da paz com que tanto sonhamos.