sábado, 10 de abril de 2010

A DOUTRINA ESPÍRITA E O MOVIMENTO ESPÍRITA

“As ideias religiosas, longe de perderem alguma coisa, se engrandecem, caminhando de par com a Ciência”.
(Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, cap. III).

“Se lhe demonstrarem que está em erro acerca de um ponto, ela se modificará nesse ponto”.
(Idem, “Obras Póstumas”, pág. 350, ed. FEB).


O homem é um animal que cria cultura e vive nela imerso, sofrendo limitações decorrentes do fato de que um sistema cultural é criação coletiva e, uma vez consolidado, tende a manter-se inalterado, contrariamente ao movimento dinâmico do progresso. Os diferentes setores da cultura formam o complexo conjunto dos conhecimentos e atividades humanas: ciência, técnica, religião, política, economia, moral, lazer, arte.
Esporadicamente, Deus envia à Terra missionários com a função de fazer avançar as coletividades. Esses Espíritos, embora possam ser individualidades de grande envergadura espiritual, no embate contra a cultura, perdem, são eliminados como perigosos ou subversivos. Até mesmo Jesus, o Espírito mais perfeito que Deus enviou à Terra, sofreu os prejuízos da luta contra a estrutura cultural do povo em que nasceu, o povo judeu. Ao longo dos anos que se seguem à vinda desses missionários, contudo, a semente que plantam, acaba por germinar, ocasionando profundas transformações culturais. Assim, vai aos poucos a Humanidade avançando rumo a sua destinação.
A Doutrina Espírita veio, conforme havia prometido Jesus, com a finalidade de relembrar seus ensinos e ensinar aquilo que ao seu tempo Ele não pode nos dizer. Surgiu como ciência, porque partiu da observação dos extraordinários fenômenos ocorridos no século passado, como a movimentação de objetos pesados, a materialização de objetos ou seres, a tiptologia e outros. Da observação dos fenômenos, pela indução, chegou-se à descoberta de leis que compõem um código moral. Conforme bem assinala Allan Kardec “o Espiritismo amplia o domínio da ciência e é nisso que ele próprio se torna uma ciência; como porém a descoberta desta nova lei traz consequências morais, o código das consequências faz dele, ao mesmo tempo, uma doutrina filosófica”.
Em seu aspecto científico, o Espiritismo trata de uma ordem diferente de fenômenos, os fenômenos espirituais e de suas implicações morais. Antes de tratar dos temas mais importantes sobre o Espírito imortal e chegar aos postulados espíritas, em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec formulou várias questões sobre os elementos constitutivos do Universo e algumas de suas características. Fazendo uma análise comparativa entre as respostas dadas pelos Espíritos e os avanços da Ciência, especialmente da Física, concluímos que estes anteciparam a Kardec várias verdades que só mais tarde, no decorrer do século seguinte, seriam verificadas pelo desenvolvimento da Ciência humana.
Em geral, os Espíritos deixam ao homem os avanços do conhecimento científico pelo seu esforço e mérito. Mas as revelações nos chegam de Cima, a partir da ação dos Espíritos superiores, para que possamos conhecer a realidade, com alguma antecipação, com vistas à marcha mais acelerada do progresso.
A Doutrina não nasceu, portanto, como uma religião. A religiosidade que ela institui é natural, nascida da convicção que o seu estudo propicia, porquanto os conhecimentos que ela possibilita confirmam os princípios em que se fundamentam todas as religiões. Seu estudo deveria ocupar lugar de destaque nos meios acadêmicos e os resultados desse estudo acabariam por gerar uma nova visão de mundo, renovadora das instituições sociais. Mas a ciência oficial rejeitou as conclusões espíritas, mantendo uma postura cética e, algumas vezes, não científica em relação a isso. As religiões instituídas também se posicionaram contra a Doutrina de maneira até mesmo violenta, obrigando seus adeptos a criarem instituições nas quais pudessem estudá-la e desenvolver as práticas que ela recomenda.
O Movimento Espírita é, pois, um movimento criado pelos homens. Na França, onde nasceu, a Doutrina não se desenvolveu, mas aqui no Brasil, sim. Os primeiros grupos espíritas surgiram ainda no século XIX. A Federação Espírita Brasileira, instituição coordenadora do movimento em âmbito nacional, foi instalada a 2 de janeiro de 1884. Seu presidente atual é o Sr. Nestor João Masotti.
Em decorrência da Grande Conferência Espírita do Rio de Janeiro (Pacto Áureo), realizada em 5 de outubro de 1949, surgiu o Conselho Federativo Nacional, destinado a orientar o Movimento Espírita Brasileiro. O Conselho instalou-se em 1º de janeiro de 1950, representa a concretização dos próprios ideais do Espiritismo — o entendimento, a fraternidade, a união, o trabalho útil e desinteressado, o auxílio mútuo, a solidariedade e a tolerância entre instituições e seguidores da Doutrina Consoladora. A fraternidade entre as instituições e a preocupação com o Centro Espírita e seu funcionamento produziram estudos aprofundados do CFN, dos quais resultaram uma firme orientação às Casas Espíritas, iniciando-se uma nova fase para a evangelização de crianças e jovens e novas metodologias para o estudo da Doutrina. Funciona o CFN normalmente, achando-se empossados e em pleno exercício das respectivas funções conselheiros designados pelas instituições de cunho estadual. Para melhor gerenciamento das ações, as instituições federativas estaduais estão também agrupadas em Conselhos Regionais que se reúnem anualmente com a Diretoria da FEB, para avaliação de tarefas e troca de experiências:

1.COMISSÃO REGIONAL NORDESTE
2.COMISSÃO REGIONAL SUL
3.COMISSÃO REGIONAL NORTE
4.COMISSÃO REGIONAL CENTRO

Concomitantemente com as Reuniões Ordinárias das Comissões Regionais realizam-se, com temas próprios, as reuniões das seguintes áreas: Infância e Juventude, Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Comunicação Social Espírita, Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita, Atividade Mediúnica e Atendimento Espiritual.
O Espiritismo não veio para os espíritas, veio para a Humanidade! Os espíritas somos os novos seareiros que temos o papel e o dever de exemplificar aos homens a fé raciocinada, a bondade, a fraternidade e o amor crístico, mas o ser humano alcançará seu entendimento sobre a realidade do Espírito e suas consequências também pelo esforço da própria Ciência, conquistando a crença definitiva desta realidade, revelada antes pela Doutrina, e estendendo a luz desse conhecimento ainda mais além.
E o Movimento Espírita resulta da organização elaborada pelos homens, para estudo e difusão da Doutrina Espírita. Sendo criação humana, as instituições espíritas também têm falhas como qualquer outra instituição administrada por seres humanos que são a encarnação de Espíritos imperfeitos. Cada um de nós, adeptos do Espiritismo, precisa assumir sua responsabilidade no desenvolvimento das atividades espíritas, porquanto não há no Espiritismo corpo sacerdotal hierarquizado para incumbir-se delas, como acontece em outras religiões. E, participando dessas atividades, precisamos nos preocupar com duas questões fundamentais: manter fidelidade aos princípios estabelecidos na codificação kardequiana e desenvolver em nós a fraternidade legítima, para que possamos eliminar as dificuldades e obstáculos que se apresentam na interação com outros componentes da equipe humana encarregada das tarefas múltiplas que uma instituição espírita mantém.
O público vai conhecer o Espiritismo por intermédio da nossa ação, que precisa ser organizada, visar a uma meta comum, mas também precisa ter o calor do sentimento. É criando a dinâmica amorosa que produziremos o ambiente de paz e alegria, capaz de atrair aqueles que ainda não se motivaram para a participação ativa nas fileiras de trabalho. Jesus afirmou que seus discípulos seriam conhecidos por muito se amarem. É pela atitude franca e aberta que demonstraremos a fraternidade que nos une e nosso amor à causa que abraçamos. Pensemos nisso!

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